Magali ultrapassou fronteiras em busca de novas oportunidades

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Segunda-feira, 08 de Janeiro de 2018 às 16h39

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A estudante do 4º período de Relações Internacionais da UniNorte, Magali Sanchez, 36, enfrentou diversos desafios até chegar em Manaus e, enfim, encontrar as oportunidades que procurava.

Magali é natural do Peru e conta por que decidiu sair do seu país de origem. “Saí do meu país pelos problemas que existem lá e também por causa de alguns contratempos que tive com meu ex-marido. Na época eu tinha 32 anos e comecei a me questionar sobre algumas coisas: será que a vida era só isso mesmo? Problemas e mais problemas? Foi quando decidi que era a hora de procurar por algo melhor para mim e meu filho. Cheguei a Manaus em junho de 2013 com a esperança de ter uma vida melhor e superando qualquer medo”.

Depois de muitos dias de viagem, Magali e seu filho chegaram ao porto de Manaus. “Nessa hora não tínhamos para onde ir e, principalmente, as pessoas não entendiam o que eu falava. Até que perguntei de um rapaz onde podia encontrar outros peruanos. Ao encontra-los, recebi a orientação de ir à Igreja Nossa Senhora dos Remédios e buscar ajuda”.

A aluna, por meio de uma irmã da igreja, conseguiu ficar na casa de outra imigrante e depois foi transferida para a Casa Refúgio, que era organizada pelos freis capuchinhos de Manaus. “Com a mudança percebi que precisava aprender português, pois na época consegui um trabalho de manicure e muitas vezes me perdi, porque pegava ônibus que iam para outro lugar”.

Após um tempo, o projeto dos freis acabou e Magali passou a morar alugado com a ajuda da família. Sua primeira oportunidade surgiu quando recebeu um convite para trabalhar na Casa Refúgio, cujas atividades haviam sido retomadas. “Dei suporte a uma assistente social por um ano e oito meses durante a acolhida de imigrantes haitianos. A experiência foi tão grande que percebi que precisava estudar”.

Apoio do Serviços ao Estudante UniNorte* (SEU)

Magali começou a estudar na UniNorte em 2016 e logo no início pensava que não iria conseguir, por conta da vergonha e do preconceito. “Recebi o apoio de muitas pessoas, mas minha maior dificuldade sempre esteve em fazer apresentações de seminários, pois sentia muita vergonha e as pessoas riam da forma como eu falava. Foi quando decidi estudar ainda mais para ser melhor”.

A estudante passou a ser mais participativa em sala de aula e os professores a incentivaram a ter confiança de que aquele era o caminho certo. “Desde que saí do Peru, queria entender mais sobre política, sociedade, crise etc. Com as Relações Internacionais, pude sair preenchendo os vazios que tenho. Faço meus trabalhos na biblioteca, porque não possuo computador em casa e também estou fazendo inglês”.

A acadêmica pôde em momentos de dificuldade financeira contar com o apoio do UniNorte Carreiras, por meio de sessões de coaching. “Lá me mostraram que eu poderia ter uma renda fazendo maquiagens, já que no Peru, essa era minha profissão, mas ao chegar aqui, pela falta de material e comunicação com as pessoas não realizava esse trabalho. Além disso, conheci também a Incubadora UniNorte Empreende, e recebi apoio na parte de empreendedorismo, criei até uma conta no Instagram para divulgar as maquiagens”.

Em paralelo ao momento de desenvolvimento acadêmico, Magali ainda teve que superar algumas complicações com o filho. “Ele se adaptou rápido e hoje nem sotaque possui, mas logo quando ingressou na escola sofreu bullying dos outros colegas. Por conta disso, ele tinha vergonha de dizer que eu era a mãe dele. Depois dessa fase, ele passou a ser um bom aluno e também não foi mais alvo de preconceito. Hoje, está estudando em uma escola de tempo integral e as coisas se ajeitaram”.

Entre os objetivos de Magali está um artigo sobre o mercado de trabalho para as mulheres acima dos 30 anos. “Vejo que as ofertas de emprego são sempre para mulheres de 18 a 25 anos. Aí eu me pergunto, onde ficam as mulheres com idade superior a essa? Elas não podem trabalhar? Quero pegar diversos depoimentos com mulheres tanto manauaras quanto estrangeiras que vivem essa situação”.

Além disso, a estudante quer fazer um curso de coaching para realizar palestras sobre temas relacionados a mulher, política, crise migratória. “Me tornar uma grande palestrante, com especialização em política é o que mais quero”.

A aluna ainda relatou que é a filha mais velha de cinco irmãos e entre eles será a primeira a ter uma graduação. “Quero que outras pessoas, mulheres principalmente, vejam que mesmo sendo difícil, a gente consegue. É só querer e ter vontade de mudar e eu sou a prova disso!”.   

*O Serviços ao Estudante UniNorte (SEU) é um departamento composto por vários outros setores que oferecem serviços ao estudante durante e após sua graduação em um único local.