Aluno de Biomedicina da UniNorte participa de curso na Academia Brasileira de Ciências

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Quinta-feira, 25 de Outubro de 2018 às 16h24

Jhemerson Fernandes Paes tem 19 anos e é natural de Lábrea, cidade localizada no interior do estado do Amazonas. Galgou um caminho com muitas dificuldades até chegar à cidade de Manaus para cursar sua atual graduação.

O jovem formado pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM) como Técnico em Agropecuária, decidiu que queria cursar uma graduação fora de sua cidade natal, não simplesmente porque decidiu e sim por fortes interesses. “Os cursos nas universidades lá presentes tinham enfoque maior em ciências agrárias e humanas, contudo, sempre tive uma paixão maior pelas áreas de ciências biológicas e ciências da saúde com enfoque em pesquisa científica. ”

Tendo isto em mente, e depois de muito se informar e pesquisar os cursos e universidades, Jhemerson decidiu traçar uma rota para conseguir aquilo que tanto almejava. Para isso, abri mão de algumas coisas como seu baile de formatura do ensino médio e sua festa de aniversário para conseguir uma quantidade que fosse suficiente para comprar a passagem para chegar à capital, levando em consideração a realidade da sua família, para dar sequência nos seus objetivos.

O jovem cresceu em meio as dificuldades, foi criado por seus avós maternos desde 1 ano de idade. “Nunca tivemos uma vida luxuosa, cheia de privilégios ou algo do tipo. Tudo era bem simples e aquilo que não tínhamos em privilégios era compensado em carinho e em experiências passadas pelo meu pai-avô. ”

E falando em pai-avô, Jhemerson fala do “seu José” com muito carinho: “eu falo para todos que é o homem da minha vida, pois o pouco que sou devo a ele. Criou 4 filhos, 5 netos e ajudou tantas pessoas que se fosse citar todas elas eu passaria tempos apenas falando sobre ele. Já passamos por situações extremamente difíceis, tensas até de se falar, mas em todos os momentos ele ficava ao lado para falar que tudo iria ficar bem. Ele nunca deixou que passássemos fome, pois ele mesmo dizia que já tinha passado muita fome durante sua infância e fazia questão de proporcionar tudo aquilo que ele não teve na vida aos seus filhos e netos. Isso só fazia com que eu admirasse cada vez mais ele não só como o pai que foi para mim, mas como um ser humano tão bom que é raro de se encontrar hoje. ”

E lembra com carinho foi aprovado no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM). “Ele investiu metade do salário dele apenas para instalar internet e comprar um computador para que eu pudesse fazer os trabalhos da escola e quando tudo estava pronto ele chegou em mim e falou uma frase que levo comigo até hoje: “Eu nunca tive a oportunidade de estudar ou quem investisse em mim, mas eu faço questão de proporcionar tudo aquilo que eu não tive. Não é muito, mas no que eu puder farei o possível e o impossível por você! ”

Tudo isso serviu de estimulo para que o jovem conquistar aquilo que almejava por meio da vida acadêmica. Neste mesmo período, Jhemerson consegui entrar em Iniciação cientifica durante o ensino médio, participou de inúmeros projetos, estágios e também teve um artigo publicado por conta de todo o investimento que ele fez.

Ao termino do ensino médio e depois de longas conversas com seu pai-avô sobre viajar para estudar ou trabalhar, caso não conseguisse aprovação ou uma bolsa de estudos, mas dois pontos fizeram ele hesitar na ideia: o aspecto financeiro e o famoso extinto paterno.

Pensando em alternativas, Jhemerson entrou em contato com sua mãe biológica para que conseguisse ajuda na compra da passagem. E essa fase foi um tanto conturbada, conta: “na época, minha mãe ainda estava com meu pai biológico e não nos dávamos bem devido a inúmeras divergências, além disso, meu avô não ficou tão feliz com a ideia. ”

Depois de muito sacrifício, no início de 2017, ao chegar na cidade de Manaus e enfrentar uma rotina totalmente diferente e se abrigar na casa de parentes próximos a maior angustia foi ter que aguardar o resultado tanto das provas dos vestibulares feitos nesse meio tempo quanto das vagas de emprego.

Semanas depois, depois de muito esperar Jhemerson recebeu um e-mail de aprovação no Programa Universidade para Todos (PROUNI), sendo agraciado com uma bolsa de 100% no curso que eu tanto almejava: biomedicina: “Essa bolsa foi de extrema importância, pois não conseguiria pagar qualquer curso de graduação que fosse devido minha situação financeira. A aprovação saiu em um dia e três dias depois já comecei a frequentar as aulas. Mesmo estando extremamente feliz por esta realização, sabe-se que a jornada acadêmica não é nada fácil. Como não poderia trabalhar devido ao horário, me virava (e ainda me viro) da maneira que posso para ajudar a me manter por aqui: dou aulas particulares, ajudo em revisões, confecciono apostilas sobre as disciplinas para conseguir alguma renda. ”

Com o apoio dos professores Shérrira e Francisco Neto, que foram os que mais o apoiaram e ajudaram a alimentar e confiar no lado pesquisador do jovem. Depois de muito estimulo e de muita busca pela Iniciação Científica, Jhemerson conseguiu ingressar como bolsista-pesquisador em outra instituição de ensino, onde faz pesquisas voltadas para o diagnóstico molecular em transtornos de personalidade (área que mais gosta de trabalhar até o momento) e ainda foi selecionado para um estágio na Universidade de São Paulo (USP) no ano que vem.

Jhemerson aproveita para agradecer seus amigos do grupo da faculdade, Bianca Daniele, Karol Bentes, Carol Nunes, Evelin Mafra e Jessimara Alcântara: “Agradecer a essas pessoas seria pouco por tudo que elas fizeram e fazem por mim. Foram tantos momentos, crises de ansiedade, momentos de extrema pressão que tive e elas estavam ali do meu lado em todos eles. Dizer que amo essas pessoas ainda seria pouco, pois eu sou imensamente apaixonado por todas e faço questão de mostrar minha gratidão nesse aspecto. ”

Segundo o jovem, “nenhuma jornada é fácil ou linear. Muitas provas, sacrifícios e desafios precisam ser superados para se alcançar os objetivos. Sei que meus objetivos são consideravelmente altos, mas por quê não acreditar? Por quê não acreditar em nosso potencial? ”

Mesmo sabendo que não vai ser fácil, baixar a cabeça nunca foi uma opção para Jhemerson: “se quero um futuro só depende de mim mesmo busca-lo e conquista-lo. Um futuro onde todo o esforço que estou fazendo agora valha a pena e faça a diferença na vida de outras pessoas. Agradeço a UniNorte por estar fazendo parte da minha jornada e por ser responsável por momentos que levarei por toda a minha vida, pois a graduação não precisa se limitar apenas a obtenção de um diploma, mas também pode ser um local de novas experiências, vivências e momentos marcantes. ”