Dia do Professor: docentes falam sobre mudanças na educação pós-pandemia

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Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021 às 11h16

Profissionais destacam o uso da tecnologia no ensino e as novas dinâmicas com os alunos

As aulas presenciais no Amazonas já retornaram, mas o período de ensino remoto por conta da pandemia da Covid-19 deixou marcas e transformou o processo de ensino-aprendizagem. No Dia do Professor, comemorado em 15 de outubro, profissionais do ensino superior refletem sobre as mudanças que a pandemia trouxe para a educação e as lições que ficaram.

É consenso que a Covid-19 antecipou, ao menos, em 10 anos a transformação digital que já iria ocorrer nas salas de aula. Para o coordenador dos cursos de Engenharia do UNINORTE – Centro Universitário do Norte, Emiliano Correa, os professores tiveram que imergir mais rápido no universo das mídias digitais e das plataformas de aulas on-line.

“A inserção de recursos digitais para uma aprendizagem mais significativa e personalizada estava apenas começando a ser implementada no Brasil e, com o fechamento repentino das escolas, nós educadores tivemos que transportar os conteúdos para o ambiente virtual do dia para a noite, buscando outras metodologias para nos adaptar ao novo regime”, explica.

A importância dos recursos tecnológicos para educação ficou ainda mais evidente. Educadores tiveram que aprender a usar recursos de aplicativos como WhatsApp e Teams. No ensino superior da UNINORTE, por exemplo, o uso de laboratórios virtuais para simulação de aulas práticas foi intensificado para garantir a continuidade da formação dos alunos.

“A inserção de ferramentas tecnológicas, o fortalecimento da educação a distância, tudo isso não tem como retroceder, são coisas que vieram para ficar”, diz Emiliano.

Alunos protagonistas

Com o ensino remoto, os professores tiveram que lançar mão da metodologia conhecida como aprendizagem ativa, na qual a educação é centrada mais no aluno e menos no docente. Isso estimulou a proatividade e a disciplina entre os estudantes que aprendiam em casa. “Houve muitos relatos de pais e professores sobre como os estudantes estão aprendendo a ter disciplina para seguir com os estudos em casa e responsabilidade para apoiar os colegas e encarar os desafios diários que surgem nesse novo contexto. Esse protagonismo estudantil foi um ganho enorme no qual muitos deixaram de ter o professor como a única referência no processo de aprendizado”, argumenta o docente da UNINORTE.

Relações de afeto

De acordo com a bióloga e docente da UNINORTE, Priscila Morhy, a pandemia também fortaleceu as relações entre aluno e professor. “O cuidado, respeito, empatia e solidariedade sempre foram aspectos importantes da educação. A pandemia escancarou a importância de tudo isso ser trabalhado no processo de ensino e aprendizagem”, diz a professora.

Com as perdas sofridas por conta da Covid-19, aumentar os laços afetivos com os alunos foi importante para enfrentar os desafios que o novo contexto trouxe. Ao lado de colegas de profissão e estudantes, Priscila encontrou nesse ambiente a empatia e a força para lidar com as próprias perdas.

“Durante a pandemia, perdi um grande professor que me ensinou a ser amiga e uma profissional melhor. Então, esse ano é apenas de comemoração pela data, mas de saudade de todos aqueles professores que perdemos para a Covid-19”, diz.

Para Priscila, a importância e o papel dos docentes na transformação social também foi acentuada na pandemia, e essa é a lição que deve ser trabalhada daqui para frente. “Precisamos valorizar todos os educadores do Brasil, porque eles são as pessoas que se doam completamente para que haja educação de qualidade capaz de transformar a vida de cada estudante em sala de aula”, afirma a docente.